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A difícil missão de armazenar na nuvem

Por inúmeras vezes escutamos: Coloca na nuvem que resolve. Mas os servidores e armazenamentos que estão na nuvem, não estão em minúsculas partículas de água e gelo administradas por anjos no céu. Estão em data center espalhados pelo globo, interligados por fibra óptica terrestre e submarina levando dados de um lado para o outro.

Esses data center são compostos por conjuntos de servidores, storages, cabos, links e tudo mais que for necessário para o funcionamento. A diferença desse ambiente para o CPD que você vê dentro da sua empresa? O ver. Apenas isso. Na sua empresa você consegue ver as luzes piscando, enquanto na nuvem a única coisa que vê é um IP ou link para o navegador.

Essa semana o Dropbox anunciou o fim do plano ilimitado. Alegando abuso por parte dos usuários que passam de um limite que foi imaginado razoável pelo time de desenvolvimento e comercial. Mas o que é razoável?

Se um usuário precisa armazenar muitos arquivos na sua residência, ele precisa comprar mais discos, SSD ou HD. Mas para conectar esses discos e utilizá-los de uma só vez, ele precisará de um NAS ou um computador com muitas entradas e ir conectando todos as unidades. Como não podemos confiar em uma só unidade, precisamos sempre comprar duas e manter uma cópia disso. O que torna esse processo um trabalho difícil, chato e por muitas vezes oneroso. Com isso o usuário acaba armazenando menos ou até mesmo cuidando melhor do que manter armazenado.

Quando é dado um espaço na nuvem e ele não precisa de redundância em disco, conectar e desconectar, desligar e ligar equipamento ou se preocupar com backup. O processo de manter qualquer coisa armazenada se torna o padrão. Com tanto espaço, por que me preocupar agora em limpar ou eliminar qualquer tipo de arquivo? Com 500 fotos de um evento, onde cada clique tirou 5 fotos iguais, por qual motivo eu teria o trabalho de eliminar as que não vou usar? Acabamos salvando todas.

Com aparelhos celulares e equipamentos cada dia mais potentes, é muito fácil encontrar celulares gravando em 4K. Por que um usuário comum gravaria em 4K? Ninguém vai saber responder. Mas a maioria sim, está gravando. Sem nem mesmo ter a certeza de ser necessário ou não. Para motivo de comparação, um vídeo em 1080p de 1 hora tem cerca de 23 GB. Já em 4K o mesmo vídeo terá 45 GB. Quase o dobro do tamanho, na maioria das vezes, não necessário.

Problemas com armazenamento não afeta apenas o usuário final. A Apple, por exemplo, tem acordos comerciais com a Azure para uso de armazenamento nos servidores da Microsoft. Pois a crescente necessidade da empresa por espaço para os usuários do iCloud, filmes do Apple TV+ e músicas da Apple Music, fez com que o crescimento dos ambientes próprios não acompanhasse as necessidades das outras áreas.

Quando a Dropbox chega e diz: Acabou o armazenamento ilimitado, agora terão um limite. O que acha que mais acontece? O pagamento de contas adicionais ou a limpeza de tudo que não se faz necessário? Voltamos para época dos discos, só que agora com mais conforto. Analisamos as reais necessidades e definimos que isso e aquilo não são necessários. Assim como ocorreu com o fim do armazenamento ilimitado de fotos no Google Photos.

Precisamos entender que, no fundo, a nuvem não existe. As necessidades devem ser analisadas uma por uma. Tanto para o usuário final, quanto para uma empresa. Teremos usuários em todos os locais do globo? Temos um cenário. Teremos todos dentro de um escritório? Temos outro cenário. Teremos um ambiente misto? Um terceiro cenário. Mais lembre-se, estando In Loco ou Cloud, teremos sempre um SSD a gravar nossos dados.

Danilo Arouca
CIO | CTO | IT Consultant
TecnoLoide Tecnologia

Danilo Arouca

CIO | CTO | IT Consultant Consultoria para projetos e equipes. (Scrum Master) Gestão completa do departamento de TI para empresas. Profissional com mais de 20 anos de experiência.

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