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Gestão de Home Office no Brasil

Desde que fomos acometidos pela Covid-19, fomos apresentados ao trabalho remoto, famoso Home Office. Na maioria dos casos, fomos forçados a esse modelo de trabalho, como único possível. Mas de novo o modelo não tinha nada. Empresas de tecnologia e muitas startups usam esse modelo como padrão. Às vezes para ser diferentona, às vezes pelo simples custo operacional, outras por conta da localidade do time de desenvolvimento, que por muitas vezes estão espalhados pelo mundo.

Esse modelo entregou o benefício de uma vida sem trânsito, com ganho de 2 ou 3 horas, antes perdidas no transporte. Agora aproveitados dentro de casa, com uma tarefa pessoal ou mais tempo de sono. Também entregou de presente as longas jornadas, sem o profissional perceber quando era o início do dia, o meio e o fim. Por muitas vezes, se vê sentado na frente do computador 2 horas após o horário que já estaria em casa após o trânsito que ele não pegou.

Com esse novo modelo, muitos gestores não estavam preparados para cobrar produtividade ao invés de presença. Olhar as metas ao invés do cartão de ponto e com isso, várias reuniões eram marcadas no início do dia e outras no final do expediente, como se este provasse que o colaborador passou o dia na frente do equipamento. Medidas como aplicar soluções que monitoram o computador foram usadas, de não atividade do equipamento, de isso e aquilo, que por muitas vezes, não eram não vistos em relatório.

A pandemia acabou, mas o Home Office luta entre colaboradores desejando esse modelo e gestores querendo o retorno ao escritório. De um lado, inúmeras postagens mostraram os benefícios do modelo. Do outro, estudos, como o de Harvard que entrevistou 700 profissionais desde 1938 e provou que o trabalho remoto é o 5º a dar mais infelicidade no mundo. Mas qual trabalho remoto?

Vejo como certa a luta perdida. E não digo por saber que chove de cima para baixo, mas sim por entender que nem todas as profissões são aplicáveis ao modelo de Home Office. Fora este ponto, que já seria mais que suficiente, existe a cultura da empresa.

Veja como é simples. Uma empresa pode apoiar o trabalho remoto, mas não entregar as ferramentas necessárias para tal ação. Como o colaborador irá compartilhar os arquivos entre o time? Controlar projetos e demandas? Conversa via Messenger se não existe um padrão aplicado. Qual usar no final? E-mail com financeiro, WhatsApp com comercial e Telegram com suporte?

A aplicação de um modelo de Home Office, com raras exceções, é possível nas organizações. Mas não basta uma norma do RH informando que agora temos Home Office. Os gestores precisam conhecer as metodologias de controle por demanda e não tempo. O colaborador precisa saber que um processo de Home Office não dá direito de trabalhar a qualquer horário do dia. E a empresa precisa preparar o ambiente por completo, do início ao fim, pensando em todos os pontos que possam ser um problema para a entregabilidade das tarefas.

O Governo regulamentou as regras do teletrabalho para funcionários públicos. Quando todos entenderem todos os pontos, definirem as regras e aplicarem as soluções necessárias, podemos voltar a falar de Home Office.

Danilo Arouca
CIO | CTO | IT Consultant
TecnoLoide Tecnologia

Danilo Arouca

CIO | CTO | IT Consultant Consultoria para projetos e equipes. (Scrum Master) Gestão completa do departamento de TI para empresas. Profissional com mais de 20 anos de experiência.

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